Designer do CIAR é selecionada na 14ª Bienal Brasileira de Design
Projeto aborda a importância da Indicação Geográfica para produtores de açafrão da região de Mara Rosa–GO
Texto: Yanca Cristina - CIAR/UFG
Imagens: Arquivo Pessoal
“O Ouro do Cerrado Goiano” é o título do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da designer Débora Antônia de Carvalho, formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e membro da Equipe de Publicação do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR/UFG). O projeto foi selecionado na 14ª Bienal Brasileira de Design na categoria de Projetos Acadêmicos, uma premiação que celebra a excelência do design gráfico brasileiro.
Débora conta que sempre quis produzir algo que pudesse beneficiar a população de alguma forma, devolvendo o seu conhecimento para a comunidade. “Ao refletir sobre minha vivência e história familiar, lembrei muito do interior, onde as pessoas nem sempre reconhecem a potência local. Desde pequena, tive contato com o plantio de açafrão, já que meu pai era produtor, assim como outros familiares. Eu percebi que poderia usar minha profissão como uma ferramenta para impulsionar os profissionais da região”, relata.
De acordo com a designer, a Indicação Geográfica (IG) é um reconhecimento internacional de produtos que têm forte ligação com sua origem. “Um exemplo famoso é o champagne, que só pode receber esse nome se for produzido na região de Champagne, na França. O mesmo ocorre com o Vinho do Porto, originário da região do Porto, em Portugal. No Brasil, temos exemplos como a cajuína e a prata de Pirenópolis, que são produtos cujas características só podem ser reproduzidas em suas regiões de origem”.
Pesquisando a fundo, ela descobriu que a região já possuía uma Indicação Geográfica, mas poucos produtores a utilizavam devido à falta de conhecimento sobre o processo, que é complexo. A partir disso, foi iniciada uma pesquisa profunda e diversas conversas com os produtores, com o intuito de usar o design como um meio para incentivá-los a enxergar o próprio potencial e aumentar o valor da produção. Como resultado, Débora desenvolveu um projeto de branding, com foco na identidade visual, para o reconhecimento da IG como um selo de excelência no mercado.
No entanto, a implementação desse selo é um processo longo e delicado, especialmente para a região. “Nem sempre é simples para os produtores adotarem a Identificação Geográfica, mas apresentei o projeto à cooperativa que administra a IG na região, e eles demonstraram muito interesse, embora tenham outras questões a resolver. Acredito que, com o tempo, eles conseguirão implementar a ideia, mesmo que, no momento, isso ainda não tenha acontecido”, considera.
Premiação
O incentivo para o projeto ser inscrito na Bienal do Design partiu da professora e orientadora Dr.ᵃ Genilda da Silva Alexandria Sousa, a qual sempre enxergou potencial no trabalho. “Fiz a inscrição sem grandes expectativas, mas ser selecionada foi uma emoção enorme. Foi muito gratificante ver um projeto sobre o interior de Goiás ganhar visibilidade nacional e ser eternizado no catálogo da Bienal, onde poderá ser consultado nos próximos anos”.
A premiação, organizada pela Associação de Designers Gráficos do Brasil (ADG Brasil), será realizada entre os dias 06 e 10 de dezembro, em Aracaju–SE. Independentemente do resultado, Débora almeja que projeto seja implementado na região e beneficie realmente os produtores. “Além disso, espero que o trabalho possa inspirar outras regiões com Indicação Geográfica no Brasil a enfrentar desafios semelhantes, pois percebi, durante a pesquisa, que esse déficit entre produtor e produção é comum em várias partes do país”, pontua.
O trabalho pode ser acessado na íntegra no Repositório Acadêmico da Graduação (RAG) da PUC-GO.
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