Fotografia mostra professores Valéria Soares, Joseany Cruz e Wagner Bandeira em uma mesa, durante colóquio sobre EaD na UFG

Instituições parceiras apresentam experiências com EaD em Colóquio na UFG

Representantes do IFG, IF Goiano, UEG e UFCat detalharam suas trajetórias na modalidade

Fotografia mostra professores Valéria Soares, Joseany Cruz e Wagner Bandeira em uma mesa, durante colóquio sobre EaD na UFG

Fotos: Gusthavo Crispim e Guilherme Mendes - CIAR/UFG
Texto: Raniê Solarevisky - CIAR/UFG

Durante o Colóquio EaD na UFG, realizado entre os dias 23 e 24 de agosto, o CIAR recebeu representantes dos núcleos de educação a distância do Instituto Federal de Goiás (IFG), Instituto Federal Goiano (IF Goiano), Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Universidade Federal de Catalão (UFCat), que relataram suas experiências e trajetórias com a modalidade em suas instituições.

IFG na EaD

Para a diretora da Diretoria de Educação a Distância do IFG, Helen Betane, é papel dos gestores de EaD das instituições públicas procurar por soluções para os problemas levantados por pesquisadores da área. "Estamos fazendo consultas públicas aos câmpus para a oferta de cursos de autoformação", declarou. "No IFG, nossa carga EaD ainda é de 20% e a discussão disso não é nada tranquila", referindo-se à discussão sobre o uso de 40% da carga horária em EaD para os cursos presenciais.

A equipe pequena, com menos de 10 pessoas, se esforça para atender à demanda do instituto e entregar tantos materiais quanto possível para uso de sua comunidade. "Tranformamos as apostilas digitais em cursos autoinstrucionais. Também fomos responsáveis pelo suporte técnico e pedagógico para o ensino remoto de todos os campus do IFG, apesar da equipe pequena. O Milton [Ázara, técnico de TI da equipe,] produziu mais de 100 videoaulas sozinho", relata.

A equipe também foi responsável pela elaboração de um Guia de Orientações Didático-Pedagógica para a modalidade e pela minuta de um documento que estabelece as Políticas de EaD do IFG. Entre 2020 e 2021, a mesma equipe também produziu dezenas de videoaulas e fez transmissões ao vivo, a exemplo dos Ciclos de Rodas de Conversa, para discutir temas afins à EaD e à educação. Para 2022, o IFG tem oito cursos EaD aprovados, sendo seis especializações e duas graduações.

 

Experiência do IF Goiano 

De acordo com a diretora do Centro de Referência em Ensino em Rede do Instituto Federal Goiano (CERFOR/IF Goiano), Joseany Cruz, o foco do órgão não está nas ofertas fomentadas por editais externos, a exemplo do Programa UAB, mas em formações autorais produzidas pelo próprio instituto.

"A educação online no IF Goiano baseia-se em 3 pilares: infraestrutura, engajamento e amparo. Tínhamos um regulamento para a modalidade em 2018, mas deixar aberto o uso dos 20% foi fundamental para a construção de um processo sólido e eficiente, com experimentações", explica. Segundo a diretora, experimentar é fundamental porque os professores que ministram disciplinas ou cursos nesse formato vêm que instituições que não formam para essa prática. "Na gestão, cabe-nos regulamentar e dar apoio. Os docentes têm muita liberdade", relata. 

A equipe de apenas 10 pessoas conta com quatro servidores e seis bolsistas, responsáveis pelos serviços que o órgão presta a cada um dos cursos da instituição. A maior parte das ofertas são técnicas: 52% das formações são oferecidas nesse nível, enquanto outros 20% são cursos de bacharelado. Além de elaborar documentos pedagógicos, manuais e materiais e ferramentas que compõem um acervo disponibilizado à comunidade acadêmica, o órgão também trabalha para padronizar as salas virtuais nos ambientes Moodle do instituto.

Durante a pandemia, campus que acumularam experiência com o uso de tecnologias na educação tiveram menos dificuldades com a adaptação para o ensino remoto. "Hidrolândia e Trindade já tinham uma carga horária maior de EaD e sofreram menos no remoto", declara. Outra iniciativa para avaliar os progressos e desafios do quadro de professores no uso da EaD foi a criação do programa "Conexão Docente", uma "maneira de colher impressões sobre o que está funcionando ou não", consultando os responsáveis pelos cursos ou disciplinas.

 

Educação a distância na UEG

A diretora do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede da Universidade Estadual de Goiás (CEAR/UEG), Valéria Soares, iniciou sua fala destacando sua formação como egressa do curso de licenciatura em Educação Física EaD da UFG. A docente agradeceu a coordenadora UAB da UFG, Marília de Goyaz, pelo empenho à frente daquele curso graduação, há mais de dez anos, capitaneando os esforços pela sua conclusão. 

Para Valéria, a UEG alcança hoje uma boa distribuição de suas formações no Estado de Goiás. "O UEG Digital é institucional e atende 37 municípios do Estado e mais 17 Polos UAB. É uma iniciativa especialmente voltada para a docência. Hoje a UEG atende, ao total, 54 polos e mais de 40 municípios. Tudo passa por um desenho no CEAR, que é projetado nos polos e campus.", explica.

De acordo com a docente, o foco do CEAR/UEG têm sido os cursos fomentados pela própria universidade em parceria com municípios, além das ofertas fomentadas por editais da UAB. A diretora também falou sobre programas de formação docente para a semipresencialidade oferecidos pelo núcleo e da Plataforma Conectar, que reúne cursos livres projetados para completar a carga horária de horas complementares dos alunos de graduação.

Mesmo com projetos com clara utilidade para a instituição, segundo a gestora, as barreiras e preconceitos para a expansão da EaD permanecem. "Temos percebido que algumas resistências têm sido quebradas. Elas ganham força, no entanto, na falta de uma institucionalização da EaD", aponta, chamando a atenção para uma solução repetida por estudiosos da área.

É justamente nesse ponto que defende uma priorização nas melhorias que devem ser implementadas na modalidade. "Precisamos avançar no Moodle e produção de materiais, mas decidimos priorizar a institucionalização da EaD nesse momento. As estaduais precisam de regulações próprias", explica.

Na avaliação de Valéria, as instituições públicas têm perdido a oportunidade de discutir temas afins à Educação a Distância em níveis geral e específicos. "Estamos deixando a discussão sobre a modalidade para as privadas, sem que as públicas tomem esse espaço. A universidade pública é a única que tem condições de discutir a EaD", defende.


Perspectivas para a UFCat

O Coordenador do Centro de Educação a Distância da Universidade Federal de Catalão (CEAD/UFCat), André Barra, salientou a continuidade da parceria com o CIAR no desenvolvimento das atividades e projetos de EaD na instituição, que já foi uma regional da UFG no passado. Com poucos recursos à disposição e sem uma equipe dedicada exclusivamente às atividades do CEAD, o docente ressaltou o desafio de manter e consolidar a modalidade na UFCat.

"Estamos com um curso de Licenciatura em Matemática EaD que vai abrir inscrições agora [em setembro], mas sabemos que nosso desafio é bem grande", declarou.

A respeito dos temas colocados pela mesa, destacou o papel do professor no processo, diante da autonomia que as tecnologias conferem às atividades de aprendizado. "Eu vejo o professor como um facilitador", declarou. "Não somos nós que estamos mudando o mundo, mas ele é quem está nos mudando", declarou. 

 

Falas do público

A professora Luciana Batalha, da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, relatou suas dificuldades para inovar nas metodologias utilizadas em sala de aula, pedindo orientações quanto à possibilidade de uso de tecnologias em disciplinas com alunos que têm dificuldades de acesso à internet. Os representantes da mesa foram unânimes em defender uma solução adaptada à realidade dos discentes, de maneira que o acesso digital não fosse planejado como um requisito contínuo, mas como um momento  -- cujas condições técnicas deveriam ser propiciadas pela universidade.

A professora Marília de Goyaz reforçou a necessidade de manter os esforços de articulação que as instituições têm feito para organizar a oferta dos cursos no Estado de Goiás. "É importante notar que as instituições que estão representadas aqui, junto da UFG, não competem entre si, como no caso das organizações privadas. Pelo contrário: elas estão sempre trocando experiências e conhecimento, como a realização dessa mesa demonstra", apontou.

O professor Wagner Bandeira agradeceu aos palestrantes pelas experiências compartilhadas e reforçou que o CIAR está à disposição das unidades acadêmicas e dos professores da instituição para oferecer consultoria sobre quaisquer barreiras enfrentadas na integração entre tecnologias e educação, sempre procurando por soluções de maneira dialogada e sem ater-se a fórmulas prontas.

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