CIAR participa de conselho diretor da Faculdade de Informação e Comunicação
Palestra de diretor do CIAR tratou de possibilidades de uso de recursos digitais no ensino presencial
Imagens: Captura de tela do evento
Texto: Raniê Solarevisky - CIAR/UFG
O diretor do CIAR, Prof. Wagner Bandeira, participou da reunião de Conselho Diretor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG) realizada na última sexta-feira (20). Na ocasião, fez uma apresentação sobre as diferenças entre Educação a Distância, o ensino presencial e o ensino remoto emergencial, adotado na UFG por conta da pandemia de COVID-19. Os professores dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Biblioteconomia e Gestão da Informação também tiraram dúvidas sobre as possibilidades de uso de recursos digitais em suas aulas, diante do retorno às atividades presenciais na universidade.
Para o Prof. Wagner, que também é professor da Faculdade de Artes Visuais (FAV) e trabalha com EaD há mais de 15 anos, um primeiro aspecto da EaD está no próprio nome: "Educação a Distância" designa um tipo de processo mais amplo e mais complexo do que apenas a prática do "Ensino" sob qualquer formato. De acordo com o texto do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, "considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos".
O docente ressalta, no entanto, que o uso da tecnologia em si não é capaz de atribuir a um curso/disciplina a alcunha de "EaD" -- o mais importante é qualificar o uso desses recursos, de modo estruturado e planejado para a realidade dos discentes. A diferença mais imediata entre EaD e outras modalidades de ensino apoiadas por recursos digitais estaria no uso da sincronicidade. Enquanto no ensino remoto as práticas resumiram-se, na maior parte dos casos, em transmitir ao vivo pela internet aulas que seriam dadas presencialmente, na EaD, o mais comum é disponibilizar materiais, referências e exercícios que possam ser acessados e utilizados pelos alunos de maneira assíncrona, considerando o dispositivo, a velocidade e os limites da conexão de internet a que os discentes têm acesso.
Por isso, para o diretor do CIAR, quando se fala em qualidade da EaD, é mais fácil levantar a pergunta do que dar uma resposta definitiva à questão, uma vez que é necessário investigar como esses aspectos estão sendo tratados pelos professores e pelas coordenações de curso. "A estrutura da videoaula deve ter um roteiro. Imagine você tentar assistir um vídeo de 40 min em um celular pequeno com a tela quebrada. O aluno vai dormir, vai procurar outra coisa para fazer. 'Ah, mas a gente assiste um filme de duas horas da Marvel'. O filme da Marvel tem todo um trabalho de edição, de corte, de linguagem visual que vai garantir a atenção da audiência e [esse é um conjunto de técnicas] que também funciona para a EaD. Gravar a mesma aula que se daria no presencial em um vídeo de 30 minutos no Loom é muito diferente de montar um vídeo usando recursos gráficos, visuais e de roteiro pensados especificamente para aquele conteúdo e para essa situação", explicou.
De acordo com o professor, os materiais utilizados em um contexto assíncrono também devem ser planejados articulando seus objetivos com a recepção pelos alunos. "Gosto sempre de citar esse exemplo: Uma professora de um curso de especialização em Biologia queria que gravássemos um vídeo mostrando aos alunos como usar um microscópio. Eu pedi que déssemos um passo para trás: Vocês não querem gravar um vídeo de uso do microscópio. Vocês querem ensinar o aluno a usar o microscópio, mas será que ele vai aprender assistindo alguém usar o aparelho? Resumo da ópera: fizemos um simulador digital de microscópio [o MiRA] usando realidade aumentada, tecnologias de interação e foi um sucesso. Os alunos adoraram porque garantimos a tenção e o cuidado do aluno para aquele conteúdo", relatou. O MiRA não funciona mais porque a tecnologia utilizada para a sua operação, o flash, foi descontinuada. No entanto, o objeto de aprendizagem foi distribuído em múltiplas escolas e institutos de pesquisa, que solicitaram acesso ao material, ultrapassando os limites da sala de aula.
Para o diretor, o uso de recursos digitais deve crescer nos próximos anos, fortalecendo uma modalidade de ensino híbrida, capaz de aproveitar recursos digitais que há muito são utilizados na EaD -- o CIAR apoia a modalidade na UFG há 15 anos. Assim, boas experiências durante o ensino remoto podem ser reimaginadas para funcionar em um contexto híbrido. Nesse sentido, o diretor colocou o CIAR à disposição dos professores para auxiliar nesse processo de planejamento.
Questionado pelos presentes, o professor também esclareceu dúvidas sobre o uso dos 40% da carga horária do curso na modalidade a distância, possibilidades de uso de ferramentas e ambientes virtuais, formações para uso desses recursos e uso de materiais didáticos projetados para esse tipo de prática de ensino-aprendizagem.
Categories: principal