Ebook 
Humanidades Digitais: performatividades na cultura digital
Já disponível 

Acesse em http://bit.ly/ebook-hdig
[Marcas do CIAR e do MediaLab]

Novo ebook explora performatividades na cultura digital

Produção do MediaLab/UFG em parceria com o CIAR reúne pesquisas do campo das humanidades digitais 

Ebook Humanidades Digitais: performatividades na cultura digitalJá disponível Acesse em http://bit.ly/ebook-hdig[Marcas do CIAR e do MediaLab]

Imagem: Guilherme Mendes - CIAR/UFG
Texto: Raniê Solarevisky - CIAR/UFG

O Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Mídias Interativas da UFG (MediaLab/UFG) publicou, em parceria com o CIAR, o ebook Humanidades Digitais: performatividades na cultura digital. O material reúne artigos que exploram a performance sob a interface entre estética, tecnologia e cultura e faz parte da Coleção Invenções, também editada em parceria com o CIAR.

Para saber mais sobre a obra, conversamos com o coordenador do MediaLab/UFG, Prof. Cleomar Rocha, e também com a coordenadora da equipe de Publicação do CIAR, Profa. Ana Bandeira, que assina um dos artigos do livro. Confira logo abaixo.


Fotografia do Prof. Cleomar Rocha é acompanhada do texto: Cleomar Rocha, Coordenador MediaLab/UFG

O que seria "performar" na Cultura Digital? Como o livro se articula com os outros títulos da Coleção Invenções? 

Cleomar Rocha - Entendemos o termo "performance" como comportamento, como ação. Nesse sentido, quando nós falamos em performar, estamos falando em ação, estamos falando em comportamentos na cultura digital. E é nessa acepção do termo em que performar é atuar, agir, que o livro aborda a performance na cultura digital, o modus operandi específico tido a partir do fenômeno da cultura digital. Nesse sentido, quando ele se organiza em torno da Coleção Invenções, estamos falando de uma performance inventada para um contexto da sociedade contemporânea. A Coleção Invenções dedica-se exatamente a inventar um futuro, uma sociedade, um comportamento, uma performance na cultura digital. É neste sentido que o livro integra essa coleção e não uma outra. 

 

Apesar do uso generalizado de redes sociais digitais, que agenda muitas das pesquisas sobre cultura digital, o livro dedica-se a performatividades em outros espaços, como nos esportes, nas artes e até mesmo em realidade virtual. Essa variedade vem da necessidade de diversificar os temas de pesquisa sobre Cultura digital?

Cleomar Rocha - Entendemos o fenômeno da Cultura como um fenômeno que empreende não apenas as artes, mas essencialmente valores, comportamentos e modos de ser e agir na sociedade contemporânea -- seja em um lastro individual, seja coletivo. Necessariamente a cultura perpassa por uma série de áreas que não somente a área que estuda a cultura: o modus operandi tecnológico, o fazer ciência, é um lastro da cultura e é nesse sentido que a transversalidade da cultura digital integra todas as áreas e não apenas um segmento específico.

Nós podemos estudar a cultura digital na Medicina, na Física, na Matemática, como é que os comportamentos se alteram em função de uma série de dispositivos, aparatos e modernizações tidos a partir dessa cultura, a partir desse evento -- a cultura digital -- que a torna absolutamente distinta de períodos históricos anteriores.

É nessa perspectiva -- de que a cultura digital se vincula a todos os fazeres, a todas as dimensões da cultura contemporânea -- que elas acabam por se mesclar de um ou de outro modo: a variedade está na essência, na gênese do conceito de cultura e cultura digital. Não se limita a uma condição da Comunicação, da Ciência da Computação, do Design ou com aquelas áreas que lidam diretamente com aparatos tecnológicos, mas está amalgamada a essas áreas, desde esportes, artes, a realidade virtual (que nem é tão virtual assim, mas se atualiza todo tempo), ou seja: a cultura é um fenômeno transversal e é nesse sentido que a cultura digital se assenta no mesmo princípio. 

 

A obra tem artigos que discutem, entre outras temáticas, acessibilidade e a exploração de sentidos frequentemente ignorados em uma sociedade que privilegia a produção de sentido apenas por meio da visão. As humanidades digitais também têm a missão de tornar a ciência mais humana?

Cleomar Rocha - Não existe ciência fora do campo humano. Tanto que uma das máximas do trabalho de humanidades digitais é dizer que toda ciência é humana, não apenas as ciências duras. Daí a ideia de o termo "ciências humanas" parecer muito mais uma lógica de especificidade do que de designação. Não há ciência que não seja humana: é um artifício, um elemento da cultura do conhecimento.

A obra entende que essas temáticas, acessibilidade e tantos outros elementos, são temas que por vezes não se vinculam historicamente ou tradicionalmente nas discussões sobre a cultura digital, tanto que a própria noção de constituição do termo "humanidade digitais" busca estabelecer esse vínculo, porque por muito tempo considerou-se que o digital estaria vinculado somente às ciências duras, quando de fato é um atravessamento na cultura como um todo.

Eu tenho dito, sistematicamente, que a sociedade contemporânea foi criada pela Ciência e suportada pela Tecnologia. São os dois grandes pilares de sustentação da sociedade contemporânea: Ciência como modelo que busca o conhecimento e Tecnologia como um modelo que busca o controle. E essas são as noções da Filosofia da Ciência e da Filosofia da Tecnologia: conhecimento e controle, Ciência e Tecnologia são os alicerces da cultura contemporânea -- essa mesma cultura que fez com que deixássemos uma expectativa de vida média abaixo dos 30 anos de idade em 1850 aproximadamente e menos de um bilhão de pessoas no planeta para agora termos uma expectativa de vida média de mais de 70 anos de idade e uma população de quase 8 bilhões de pessoas. Esse resultado, que indica o modo de ser e operar na sociedade contemporânea, é uma invenção, é uma criação da ciência, é uma possibilidade ditada pela Ciência e suportada pela Tecnologia. 

 

A obra pode ser indicada a quais públicos? Para além de pesquisadores da área de Humanidades, o livro pode ou deve ser apreciado por pesquisadores de outras áreas?

Cleomar Rocha - O trabalho naturalmente acaba se voltando para as áreas de atuação dos vários autores que compõem o livro mas, de modo geral, as pessoas que lidam com a cultura em toda a sua diversidade passam a ser um dos interessados ou públicos destinados, já que a nossa noção clara é de um atravessamento em áreas de conhecimento tal qual o tema cultura digital ou tecnologia.

Não há uma área específica, mas partimos desse lastro de atravessar a cultura. E como uma noção de cultura, ele acaba tendo articulação com várias áreas de conhecimento. É nesse sentido que a obra se coloca à disposição dos vários públicos, das várias áreas de conhecimento, visto que pode ter sentido para elas. Não apenas dos autores, mas de quem pensa e faz cultura -- em especial, a cultura digital. 

 

Fotografia da Profa. Ana Bandeira é acompanhada do texto: Ana Bandeira, Coordenadora Publicação CIAR/UFG

No livro, você assina o artigo Corpos exóticos dissonantes: retóricas visuais e a produção de visualidades. De que forma as Humanidades e as Artes podem se beneficiar de representações mais abrangentes de diversos tipos de corpos?

Ana Bandeira - As discussões sobre as imagens relacionadas à representação de corpos são de extrema importância para a construção do imaginário de corpos diversos. A produção de visualidades ao longo da história tem uma representação muito voltada para um corpo simbólico normatizado e normalizado pela sociedade como aquele que se encaixa em padrões estéticos de beleza, saúde e vigor. Pautados ainda em uma visão do século XIX, discutida pelo autor Georges Vigarello, como corpos ágeis e retos ideais, de uma aparência física alinhada, organizada e sistematicamente perfeita.

Os corpos diversos que estão à margem deste pensamento normatizado estão no mundo, fazem parte da sociedade e precisam ser vistos e percebidos. Dessa maneira, a Arte, o cinema, o design e a publicidade têm um papel fundamental na construção dos repertórios imagéticos do corpo diverso.

 

Como foi o processo para a publicação deste volume? Qual é o procedimento para publicar um livro em colaboração com o CIAR?

Ana Bandeira - Os organizadores da publicação enviaram os textos já revisados e com os Termos de cessão de uso devidamente assinados. Este e-book faz parte da Coleção Invenções, projeto que teve início com a Especialização em Inovação em Mídias Interativas, um dos cursos a distância oferecidos por meio da parceria UAB/UFG.

O CIAR realizou o acompanhamento do curso, assim como a produção de materiais relacionados. A coleção era um dos produtos didáticos propostos pela coordenação do curso. Para solicitar os serviços do CIAR é preciso entrar em contato com a direção e ou coordenações de equipe para que se possa verificar as possibilidades de parcerias.

 

Há vantagens do formato de ebook em relação a uma publicação tradicional? Se sim, quais seriam?

Ana Bandeira - Sim, com certeza. A possibilidade de uso do ebook é uma estratégia de veiculação de conteúdos bem mais abrangente do que o livro impresso. Consegue alcançar um público bem mais amplo e, quanto à produção, neste caso, os ebooks produzidos pelo CIAR são multiplataforma, têm uma interface responsiva e fazem uso de códigos que facilitam a acessibilidade na plataforma.

 

Você pode acessar este e dezenas de outros materiais produzidos pelo CIAR/UFG no Acervo de Materiais do órgão.

 

Source: CIAR/UFG

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