Captura de tela mostra imagem da Professora Sara Dias-Trindade, Intérprete de Libras e slides com apresentação em videochamada.

"Não interessa o ambiente em que estou, mas sim que eu esteja presente nele"

Sara Dias-Trindade fala sobre a postura do professor, humanidades digitais e educação onlife no ESUD/CIESUD 2020

Captura de tela mostra imagem da Professora Sara Dias-Trindade, Intérprete de Libras e slides com apresentação em videochamada.
Professora Sara Dias-Trindade (embaixo, à esquerda) e intérprete de Libras durante o ESUD

Texto: Raniê Solarevisky - CIAR/UFG

Imagem: Lilian Ucker - ESUD/CIESUD 2020

Em palestra durante o ESUD/CIESUD 2020, a professora Sara Dias-Trindade, da Universidade de Coimbra (Portugal), falou sobre competências e letramento digital, as transformações no ofício do professor e os possíveis cenários pós-pandemia para a educação. A live Humanidades digitais e os desafios do Ensino-Aprendizagem Onlife foi mediada pela representante das instituições de ensino superior estaduais da Unirede e professora da Universidade Estadual de Santa Catarina, Karina Marcon.

Para a cientista, é preciso superar a concepção de dualismo entre uma vida absolutamente digital e outra analógica, incorporando a noção da convivência entre essas duas dimensões em única realidade que chama de "onlife". Essa concepção permitiria que o professor fique concentrado no que mais importa: educar. "Não consigo separar muito bem uma coisa da outra [EaD e Educção Presencial]. Tudo é educação, o que muda é o canal", pontua Sara. "Há bons e maus professores em todo lado. Na educação, posso ser um bom professor em qualquer ambiente. Tenho é que potenciar para que meus alunos aprendam da melhor forma possível.

"Tenho que perceber que há estudantes que aprendem mais de uma forma, e alguns de outra. O importante é que eu esteja presente. Posso abrir uma sala no Moodle, colocar um monte de materiais e não falar com niguém, bem como entrar numa sala de aula física, falar por 2 horas e sair sem me preocupar por nada. Não interessa o ambiente em que estou, mas devemos estar presente neles", explica.

A professora destaca também que o processo de capacitação contínua para a atuação do professor, que deve permitir-se conhecer novas ferramentas e metodologias: "Nós podemos ser bons, mas podemos ser melhores. Aquela coisa de sempre tentar ser o melhor professor do mundo".

Educação e pandemia

Para Dias-Trindade, as preocupações com a educação no momento de pandemia do novo coronavírus devem superar os problemas mais imediatos: "Temos que pensar no hoje mas também no futuro: Teremos aquele grupo de professores que está louco para o retorno presencial e que vai voltar a fazer tudo do mesmo jeito, mas também temos aqueles que vão tentar adaptar suas práticas. É efetivamente o momento de repensarmos as práticas, não [só] para agora, mas também para o futuro. Não apenas em como vamos passar pela pandemia, mas no que poderemos fazer para ir além", destaca.

A pesquisadora também colocou em questão a eficiência de programas de formação oferecidos aos professores nesse momento, em diferentes países: "Houve muita formação em Portugal, inclusive com a participação da Universidade Aberta de Portugal, mas ao final a sensação com que eu fico, é que quem sabia aprendeu um pouco mais e quem tinha dificuldade continou com elas", pondera.

Questionada pela mediadora e pelos presentes sobre a herança que a pandemia pode deixar aos métodos da educação, Sara argumenta que devem haver mudanças. "Todos nós levamos essa lição: o que é trabalhar de casa. E provavelmente não vão mais criticar quem dá aulas em regimes a distância Não gosto dessa coisa do 'novo normal', mas que vai ser diferente, vai. Nós saímos disso de uma maneira completamente e nossos estudantes também. Sobretudo os mais novos. Muitas dessas crianças tiveram um enorme salto qualitativo, porque tiveram que aprender a enviar e receber e-mails, enviar tarefas ao professor -- crianças de 6, 7, 8 anos, que já aprenderam coisas que . Significa que haverá uma progressão em que, quando estiverem na universidade, vão perceber uma diferença", explica.

 

Pedagogia Maker

Segundo Dias-Trindade, é preciso mais interação com as turmas para permitir avaliar precisamente quais melhorias podem ser feitas no processo de ensino, sobretudo dando mais espaço aos ímpetos de produção criativa dos estudantes, a exemplo do que ocorre no movimento maker.

"Lembro-me de um estudante que criaram um projeto de uma igreja no Minecraft e estavam a imprimir em uma impressora 3d. A pedagogia maker propões produzir para consumir. Esse é o passo certo para a educação. Precisamos avaliar se o aluno aprenddeu, se aprendeu a reproduzir e se é capaz de reproduzir em diferentes contextos. Essa última parte ele só aprende produzindo", explica.

O ESUD/CIESUD 2020 encerra hoje (13) sua programação científica e cultural.

Fonte: CIAR/UFG

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